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Honda Strada CBX 200



A
lém de inaugurar uma nova categoria de motos no mercado, a Honda CBX 200 Strada mostrou muito vigor no primeiro teste completo: velocidade máxima de 135 km/h e um surpreendente valor de consumo, rodando 38,1 km/litro a 80 km/h constante. Além disso, ela confirma sua vocação de estradeira, com certo conforto e um estilo moderno.

Houve uma época em que a reestilização de uma motocicleta baseava-se na atualização de alguns componentes estéticos. O mais comum de ser modernizado, e praticamente obrigatório em modelos da década passada, era o farol. Ou seja, todos os faróis redondos deviam tornar-se retangulares para que a motocicleta pudesse parecer "nova". Desta vez ocorre o inverso. A nova Honda CBX 200 Strada herdou as linhas e o conceito da CBX 150 Aero, mas esteticamente guarda uma diferença fundamental: o farol deixa de ser retangular para ficar redondo. Como nos modelos dos anos 70.

Essa mudança é proposital, e faz parte da tendência de estilo dos anos 90: motos simplificadas com aparência retrô . Nada mais de carenagens ou meias carenagens, tecnologias muito sofisticadas que encarecem o modelo, ou equipamentos sabidamente sofisticados para motociclistas comuns. É lógico que as superesportivas não morreram, mas surgiu um novo estilo de motos, conhecido por naked-bikes ou, literalmente, "motos peladas", com apenas o essencial para uma pilotagem segura e divertida.

Mais torque
Apesar das muitas diferenças estéticas quando comparada com a antiga Honda CBX 150 Aero, a CBX 200 Strada guarda o diferencial fundamental: o motor de maior capacidade volumétrica. O mesmo monocilindro quatro tempos ganhou novo pistão com 63,5 mm do diâmetro (antes 62,5 mm), e novo virabrequim, com curso de 62,2 mm (49,5 mm na Aero), elevando sua cilindrada para os exatos 196,9 cm3 (151,8 cm3 na Aero). Proporcionalmente à cilindrada, o torque máximo de 1,27 kgf.m a 8.500 rpm subiu para 1,7 kgf.m a 7.000 rpm, tornando a pilotagem da Strada muitas vezes mais tranqüila, principalmente em rotações mais baixas.

Porém o grande ganho da Strada foi em torque, constatado pelos resultados de retomada de velocidade em quinta: enquanto a 150 Aero levava 33,3 segundos para ir dos 40 km/h até os 100 km/h, a 200 Strada leva apenas 16,7 segundos. Na aceleração, onde a Aero gastava 15,6 segundos de 0 a 100 km/h, a Strada faz o mesmo em apenas 11,3 segundos.

Em relação ao consumo de combustível, as novas medidas de diâmetro e curso do pistão
resultaram em uma melhora espantosa no rendimento energético do motor: o consumo à velocidade constante de 40 km/h passou de 41,9 km/litro para 54,5 km/litro, ocorrendo a mesma melhora a 60 km/h. A 80 e 100 km/h constantes, a melhora de consumo da Strada em relação à Aero foi menor, mas ainda assim foi positivo.

Dirigibilidade
Para um piloto não muito alto, a Honda CBX 200 Strada pode proporcionar horas de prazer em estradas sinuosas. Já para alguém mais comprido, o tamanho da moto começa a ser uma limitação para sua utilização mais esportiva. Apesar da suspensão traseira convencional, com dois amortecedores reguláveis na mola, e levando em conta essa restrição, a estabilidade da Strada é excelente, principalmente em sucessões de curvas mais fechadas. Os pneus Pirelli MT 65, desenvolvidos especialmente para a Strada, são em parte responsáveis por isso. Mas quanto ao conforto na cidade não se pode dizer a mesma coisa. As imperfeições das vias urbanas tornam a Strada um pouco cansativa no uso constante.

O estilo na CBX 200 Strada, inspirado nas verdadeiras naked-bikes como a Honda CB 1000 Super Four japonesa, agrada bastante. Esse estilo tem uma característica: se não cria legiões de fanáticos, como com as pequenas superesportivas de 125 cc, por exemplo, também não provoca grandes sentimentos negativos contra sua estética.

Da antiga CBX 150 Aero, a Strada guarda muitas semelhanças, como o desenho do tanque, guidão e painel de instrumentos. Mas as diferenças mostram que se trata de uma nova moto: o farol agora é redondo, o escapamento foi remodelado, a rabeta perdeu os piscas incorporados da linha Aero ficando mais bonita, e o próprio tanque de combustível de 10,1 litros passou a incorporar aletas laterais, alterando suas linhas.

O painel de instrumentos lembra bastante o da Aero, mas conta com um pequeno detalhe que dá o tom de sua esportividade: fundo branco. O velocímetro marca até 160 km/h e tem hodômetro parcial, e o contagiros eletrônico marca até 10.000 rpm, com faixa vermelha iniciando aos 9.300 rpm (a Aero marcava até 140 km/h e 11.000 rpm, com a faixa vermelha começando nos 10.500 rpm). Entre os dois instrumentos estão as luzes de neutro, piscas e farol alto, além do marcador elétrico de nível de combustível.

A Honda CBX 200 Strada ainda traz uma série de equipamentos e componentes inéditos, como a lente do farol de plástico ao invés de vidro, amortecedores traseiros pressurizados a gás, balança traseira de seção retangular, os pneus exclusivos e o próprio contagiros eletrônico, comum em automóveis mas pouco visto em motocicletas pequenas.

Nas curvas, boa estabilidade em função da suspensão e pneus exclusivos. Ainda não fabricaram a motocicleta perfeita para todas as ocasiões. Se um modelo é mais adequado para o fora-de-estrada, outro para uso estritamente urbano, e ainda outro só mostra suas qualidades em longas e solitárias estradas retas, fica clara a dificuldade de se achar a moto ideal. Mas, por enquanto, ideal é aquela moto que satisfaz tudo aquilo a que seu usuário se propõe. Se você deseja uma motocicleta bonita e resistente, que permite transitar por vias urbanas esburacadas com relativo conforto, com partida elétrica, potência para manter boa velocidade de cruzeiro em estradas, estabilidade e torque suficientes para diversão em estradas sinuosas, a Honda CBX 200 Strada pode ser uma boa opção.